Embora microscópicas e unicelulares, bactérias são extremamente espertas. Seres vivos mais antigos a habitar o planeta, elas aprenderam, na história evolutiva, a contornar as ameaças à sua existência. Graças a essa propriedade de mutação genética, as espécies patógenas adquiriram resistência aos antibióticos. E se elas foram rápidas na ação — afinal, a penicilina foi descoberta há menos de 90 anos —, a ciência não está acompanhando esse ritmo. Em um relatório divulgado ontem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a pesquisa de novos medicamentos está atrasada, ao mesmo tempo em que o número de óbitos provocados por doenças transmitidas por bacilos e outros micróbios perigosos continua em alta.
O documento Antibacterial agents in clinical development — an analysis of the antibacterial clinical development pipeline, including Mycobacterium tuberculosis (Agentes antibacterianos em desenvolvimento clínico — uma análise do desenvolvimento clínico em andamento, incluindo Mycobacterium tuberculosis) aponta que apenas a tuberculose resistente a antibióticos mata 250 mil pessoas por ano. Ao mesmo tempo, de 51 drogas e combinações de medicamentos dessa classe em testes para tratamento de patógenos resistentes prioritários, somente oito são considerados pela OMS como verdadeiramente inovadores, com “potencial de adicionar valor ao arsenal atual”.
Fonte: Paloma Oliveto